Hoje, durante uma aula de Seminários Avançados com o professor Renato Vaisbih foi feito um comentário sobre um acontecimento dos anos 1968 (em plena ditaduta militar brasileira) que me chamou atenção. Um "ataque" a estudantes na rua Maria Antônia, em São Paulo. Não sei se todos conhecem a história, ou mesmo o CCC (Comando de Caça aos Comunistas). Confesso que eu nunca tinha ouvido falar. E curiosa como sou, resolvi dar uma "fuçada" na net e descobri algumas coisas.
O texto abaixo foi retirado e do site CMI Brasil <http://www.midiaindependente.org/>, vale a pena conferir.
1968: Terrorismo do CCC na rua Maria Antônia. Reapresentação
Por Fausto Barreira 23/06/2007 às 12:33
Reprodução de relato dos acontecimentos na rua Maria Antônia, em 1968, envolvendo os terroristas do CCC (Comando de Caça aos Comunistas), a Força Pública e os estudantes, publicado no jornal REPÓRTER, de São Paulo (outubro/1978). Reapresentação de texto no midiaindependente.
Ao jornal REPÓRTER: Li a reportagem do REPÓRTER n. 15 sobre o CCC e sua atuação em São Paulo, em 1968. Naquela época, eu era estudante da Faculdade de Economia da USP, situada próxima à rua Maria Antônia, onde se deram os acontecimentos que culminaram com a destruição do prédio da Faculdade de Filosofia da USP pelo CCC e o assassinato de um estudante; assim, pude acompanhar os fatos de perto. Por meio de um artigo de minha autoria, na época, para o jornal do Centro Acadêmico Visconde de Cairu (da Faculdade de Economia) descrevendo os acontecimentos daqueles dias, creio que ficará claro o acobertamento que a polícia (a Força Pública, na época) e o governo do Estado deram ao CCC.
Eis o artigo: GOVERNO APOIOU MESMO O TERRORISMO DO CCC
Parte da imprensa insiste em caracterizar os acontecimentos como sendo o resultado de uma rixa entre os estudantes da Filosofia da USP e do Mackenzie. Mas os fatos são mais graves: tudo começou quando estudantes universitários e secundaristas realizavam, na rua Maria Antônia, pedágio com o fim de arrecadar recursos para a realização do 30º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes). Enquanto promoviam o pedágio, os estudantes foram agredidos com ovos e pedras partidos do prédio do Mackenzie. Deve-se levar em conta que essa agressão não foi ocasional, mas fazia parte de um plano visando impedir a realização do Congresso da UNE. Com o revide aos ataques, teve início a batalha de pedras e caramurus, que durou um dia inteiro.
No segundo dia de luta, tudo ficou mais claro. O CCC (Comando de Caça aos Comunistas) organização terrorista, paramilitar, ocupou o alto de um prédio em construção, ao lado do Mackenzie, com a intenção de destruir a Faculdade de Filosofia. Com armas privativas do Exército - essa denúncia está no jornal O Estado de S. Paulo, com bombas de gás lacrimogêneo - fato também documentado pela imprensa - passou à agressão com a cobertura da Força Pública. Os estudantes da Faculdade de Filosofia, ajudados por secundaristas, professores e, inclusive, mackenzistas, improvisaram defesas para responder à agressão. O estudante secundarista José Guimarães, que se encontrava na rua, em frente à Faculdade, foi assassinado a tiros, pelo CCC.
Ao cair da tarde, os assassinos do CCC passaram a jogar bombas incendiárias sobre o prédio da Filosofia; os bombeiros tentaram entrar pela porta principal, mas foram apedrejados de cima do prédio ocupado pelos terroristas. Vendo que a Faculdade de Filosofia estava sendo destruída, seu diretor, professor Erwin Rosenthal, pediu aos alunos que evacuassem o prédio, no que foi atendido; comunicou o fato ao governador Abreu Sodré e pediu que a Força Pública interviesse prontamente para evitar a destruição de um patrimônio do Estado. O secretário da Segurança Pública, Helly Lopes Meirelles, prometeu atender, mas, passadas duas horas, com a Faculdade de Filosofia totalmente vazia e a Força Pública a apenas cem metros do local, nenhuma providência havia sido tomada. Pude testemunhar o instante em que o deputado federal Israel Dias Novaes telefonou da Faculdade de Economia para o secretário de Segurança Pública, exigindo providências e ameaçando denunciar o fato no Congresso.
Ao ver que não encontravam resistência policial, os terroristas incendiaram a entrada principal da Faculdade de Filosofia; com foguetes afastaram a multidão que estava próxima, e, ao som do Hino Nacional, hastearam a bandeira brasileira. A Força Pública, já no local, nada fez. Porém, aproximadamente 300 pessoas, que se encontravam nas proximidades, vaiavam e atiravam pedras nos agressores. Nesse momento, a Força Pública agiu prontamente, perseguindo a multidão. Mais de 100 pessoas refugiaram-se na Faculdade de Economia, próxima do local, e trancaram a porta de entrada. Os policiais abriram-na com rajadas de metralhadoras, invadiram a Faculdade, atiraram bombas em todos os andares, quebrando portas, prenderam indiscriminadamente pessoas que lá estavam, inclusive professores, e violaram o arquivo do Centro Acadêmico Visconde de Cairu.
Essa é apenas uma das histórias que aconteceram em nosso país durante essa época tão repressora. Para conhecer mais, tem um link bem legal na Folha Online, onde alguns personagens contam histórias que viveram em São Paulo. http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2003/saopaulo450/eu_estava_la.shtml
segunda-feira, 2 de março de 2009
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2 comentários:
sem créditos.
midiaindependente é coisa de vermelho.
hahahaaa
organização paramilitar HAHAHAHAHA
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