quarta-feira, 31 de março de 2010

Direito de resposta

Dando continuidade ao horrível caso de minha colega jornalista que foi vítima de racismo nessa semana enquanto estava trabalhando, segue abaixo uma carta do sr. Manoel Costa.

"Tomo a liberdade de me dirigir a vocês buscando esclarecer esse desagradável episódio ocorrido na segunda-feira, dia 29.

Em primeiro lugar, esclareço que não sou preconceituoso ou racista, e que provarei até a ultima instancia, que não tive a intenção de atingir a moral de ninguém. Não tenho diferenças ou atritos com pessoas de outra cor, credo, formação, ideologia, posição social e afins. Estava na assessoria de imprensa e, por não achar junto à minha pasta de trabalho, o roteiro da solenidade de abertura do evento, o procurei pelas bancadas, imaginando que algum dos jornalistas das entidades organizadoras pudesse ter pego para consultar os nomes das autoridades presentes à cerimônia, recém-encerrada, para preparar os releases.

Ao lado de um dos computadores estavam alguns papéis ou revistas , que eu levantei procurando o tal roteiro. Não mexi em nada pessoal da jornalista Juliana, como em sua bolsa ou algo parecido, e nem tirei nada do lugar. E principalmente, não tive a motivação de incomodá-la, pois ela estava trabalhando no computador. Não a toquei, pelo que me lembro não a conheço e, até então, nunca tinha participado de algo semelhante. Ou seja, não tenho nada co ntra ela, nem contra a Hotelier News. Inclusive sou casado com uma jornalista. Na assessoria de imprensa dos organizadores, trabalha o jornalista Dante Baptista, assim como outros funcionários ou prestadores de serviços, que são afrodescendentes e com quem tenho boas relações.

Ressalto que não tive e não tenho nenhuma intenção de ofender ou humilhar quem quer que seja. Imagino que a Juliana tenha interpretado mal minhas atitudes, alterou a voz e disse que eu não deveria mexer nas coisas dela. Eu respondi que estava procurando um roteiro e que ali era um lugar público, de uso comum. Pedi que ela se controlasse, repetindo que estava procurando alguns papéis. Ela se alterou mais ainda, sem a menor necessidade, na frente de todos os presentes.

Houve excessos de ambas as partes, não entendo porque só ela se coloca como vítima. Ela não pode negar, pois existem várias testemunhas, que foi ela quem iniciou a discussão, que poderia ter si do logo encerrada, pois repito: nada foi mexido nem tirado do lugar, e não me dirigi a ela com desrespeito, não a ameacei em nenhum momento. Todos os presentes viram que eu não mexi na bolsa de ninguém, pois estava perguntando se tinham visto o roteiro e quem me conhece sabe que isto não faz parte do meu perfil, nem tenho antecedentes a respeito.

Não quero julgá-la, mas não posso deixar de responder aos envolvidos e buscar meus direitos e ser julgado ou avaliado por meias verdades. Sem o justo dever de me defender. O que há por trás dessa desnecessária situação? Um mal entendido? Ou um excesso? Ou atitudes impensadas? Se foi isso, peço desculpas. De minha parte, eu havia encerrado uma estressante solenidade de quase 3 horas, com muitas autoridades, que envolveu uma preparação trabalhosa. Imagino que a Juliana estivesse muito envolvida em seu trabalho. Quem de nós nunca se excedeu? Todos os dias ouvimos frases como: "Vai lavar roupa! Só podia ser mulher ao volante", ou "Vai buzinar para sua mãe!", e tantas outras. Sou sãopaulino há 51 anos. Eu e meu filho de 8 anos sempre somos chamados de Bambi, viadinho, bichinha, amigo do Richarlyson, etc. Já fomos ofendidos por estarmos com camisas do time, já tentaram nos agredir na saída de um estádio...

Se a Juliana se sentiu ofendida, ela tem todos os direitos de se defender. Mas por que envolver outros jornalistas e entidades? Por que exagerar em suas colocações (mexeu na bolsa, etc.)? Por que tentar denegrir? Por que não esclarecer os fatos? No início da noite passei mais algumas vezes na assessoria de imprensa e ela estava lá. Por que não me procurou ou pediu para algum colega, para buscar um entendimento, como duas pessoas adultas? Por que não procurou as autoridades policiais, presentes num estande da Deatur? Para mim e para muitos outros, isto foi um fato isolado, uma infelicidade.

Estou surpreso com a dimensão q ue se deu a este caso, pois tenho certeza que estamos falando de dois profissionais que estavam se dedicando às suas funções, e do veículo Hotelier News, reconhecido por sua atuação. A forma como a coisa foi colocada, gera um pré-julgamento que leva a acusações infundadas, o que pode ser muito prejudicial. Quem lucra com isso? Onde vamos chegar? Busquei informações e orientação sobre o caso, e pelo que entendi, a repercussão não é boa para nenhumas das partes, não há vitória ou orgulho.

Agradeço pela atenção e estou à disposição de todos para conversar e esclarecer o que for necessário. Lamento o ocorrido, continuarei com minha vida e carreira, com o mesmo respeito e dedicação e se me permitem, sugiro à Juliana que reflita sobre as consequências que podem advir dessa situação.

Manoel"

PS. Tá no direito dele se defender. Mas eu conheço a Juliana e tenho certeza que ela não iria levar um caso desses adiante se não fosse a mais pura verdade. Portanto, minha opinião pessoal é: não convenceu.

terça-feira, 30 de março de 2010

Olha a repercussão

Matéria retirada do site Comunique-se.

Jornalista diz ter sido vítima de racismo em cobertura de evento

Izabela Vasconcelos, de São Paulo

A jornalista Juliana Albino, coordenadora de redação do site Hôtelier News, acusa o mestre de cerimônias da Feira Internacional de Serviços de Turismo (Fistur), Manoel Costa, de ato racista, enquanto realizava a cobertura do evento, nesta segunda-feira (29/03), no Anhembi, em São Paulo. Costa admitiu uma discussão verbal, mas negou a ofensa racista.

Segundo a jornalista, o cerimonialista chegou à sala de imprensa e começou a tirar sua bolsa e bloco de anotações do lugar. Juliana pediu que Costa respeitasse seus pertences e ouviu como resposta a frase "Cala sua boca negrinha, cala sua boca e volte para senzala”. Juliana afirmou que a cena foi presenciada por dois colegas de profissão.

De acordo com a jornalista, o cerimonialista disse a mesma frase por duas vezes e não se desculpou. “Eu contestei o que ele disse, mas ele pouco se importou. Depois voltou pra sala, mas não me disse nada. Acho que não entendeu o que fez”.

A jornalista disse que se sentiu muito ofendida e surpresa com as palavras de Costa. “Na hora você não acredita que uma coisa dessas aconteça nos dias de hoje. O meu sentimento é de indignação”, declarou.

Juliana disse que procurou uma assessora de imprensa do evento para contar o caso, mas a jornalista teria dito que não tinha tempo para resolver o problema. “Só um assessor de imprensa do evento, que também é negro, pediu desculpas”, lembrou. Depois disso, a jornalista registrou boletim de ocorrência no 13º DP, no bairro paulistano da Casa Verde.

A jornalista agora estuda a possibilidade de processar Costa e a Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo (Abresi), organizadora do evento. “Estou pensando em entrar com uma ação contra ele ou a entidade. Mas ainda é cedo, vou pensar se é viável”, afirmou.

Mestre de cerimônias contesta jornalista

O cerimonialista nega que tenha ofendido a jornalista com termos racistas. “Houve sim uma discussão verbal, de um fato gerado por ela, mas não a chamei de negrinha, nem a mandei voltar para a senzala”.

Costa diz que não mexeu nos pertences da jornalista, que apenas procurava um objeto, e levantou um bloco de anotações que estava embaixo de uma revista. “Aí ela começou a me destratar, eu pedi que ela tivesse educação, mas ela prosseguiu com a argumentação contra mim”, contou.

O cerimonialista disse que não entende o que motivou a discussão e pretende apurar o caso. “Eu não entendi o fato gerador disso. Pode ter outra motivação porque envolve um evento e outras entidades”. Mesmo assim, Costa afirmou que irá fazer um pedido de desculpas público por ter se alterado durante o evento.

Mais uma para o time das balzaquiana

Hoje é um dia estranho pra mim. É meu aniversário. Deveria ser alegre, né? Mas para quem está fazendo 30 anos é um pouco diferente. Não é alegria que sinto, mas também não é tristeza. Sei la, me sinto estranha, essa é que é a verdade. Quando eu era novinha tinha minha vida toda planejada. Eu era daquelas que dizia com que idade faria isso e aquilo. O tempo passou e tudo o que eu tinha pensado não aconteceu. Tudo bem, eu era criança e não sabia como era a vida de verdade. Mas ainda assim, nadinha?? A conclusão que cheguei é que sou uma péssima adivinha, rss. Mas ok, vamos aos fatos.

Eu já fiz duas faculdades e me formei nas duas; já fui noiva daquelas com apartamento mobiliado só faltando a data, e desisti de tudo; namorei muito; trabalhei em mil coisas até descobrir que eu não gostava de nenhuma delas; mas foi bom pq descobri o jornalismo, que hoje é a minha vida; fiz milhares de amigos e muitos ficaram pelo caminho; mas as poucas amizades de verdade seguem comigo para onde eu for; comprei um carro, me roubaram e agora tenho outro; ainda moro com a minha mãe e morro de vontade de ter o meu cantinho; tá difícil, as vezes até de ajuda do meu pai eu preciso para me manter ativa nos estudos; e assim vai.... melhor parar por aqui.

Bom, de tudo isso o importante é que emoções eu vivi e que não me arrependo de nada do que fiz. Talves uma coisinha a toa, hehehe. Brincadeira. As vezes eu me sinto meio derrotada de chegar nessa idade e não ter conseguido construir muita coisa, mas sempre que penso assim me lembro de outras coisas tão bacanas que me aconteceram. Eu tenho uma vida abençoada, uma família unida e amigos maravilhosos. Sou esforçada, comprometida e embora a idade chegue ainda tenho garra pra muita coisa.

Affe, agora chega de desabafo que eu não quero ninguém chorando ao ler isso, peloamordedeus!!! Para finalizar, segue um pedacinho da crônica do Mário Prata, que mostra bem do que somos capazes. Adorei!

As mulheres de 30

O que mais as espanta é que, de repente, elas percebem que já são balzaquianas. Mas poucas balzacas leram A Mulher de Trinta, de Honoré de Balzac, escrito há mais de 150 anos. Olhe o que ele diz: 'Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusões, muita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...) Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovem, sob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer'. (...)

Elas talvez não saibam, mas são as mais bonitas das mulheres. Acho até que a idade mínima para concurso de miss deveria ser 30 anos. Desfilam como gazelas, embora eu nunca tenha visto uma (gazela). Sorriem e nos olham com uns olhos claros. Já notou que elas têm olhos claros? E as que usam uns cabelos longos e ondulados e ficam a todo momento jogando as melenas para trás? É de matar. O problema com esta faixa de idade é achar uma que não esteja terminando alguma tese ou TCC. (...) A mulher de 30 ainda não fez plástica. Não precisa. Está com tudo em cima. Ela, ao contrário das de 20, nunca ficou. Quando resolve, vai pra valer. Faz sexo como se fosse a última vez. A mulher de 30 morde, grita, sua como ninguém. Não finge. Mata o homem, tenha ele 20 ou 50. E o hálito, então? É fresco. E os pelinhos nas costas, lá pra baixo, que mais parecem pele de pêssego, como diria o Machado se referindo a Helena, que, infelizmente, nunca chegou aos 30? (...)

'A mulher de 30 anos satisfaz tudo'. Ponto. Pra elas.

Que coisa feia...

Gente.... racismo é uma coisa muito feia. Mas parece que fica mais feio ainda quando se trata de uma pessoa instruída e que tem um certo respeito no meio onde trabalha.
É assim, uma colega jornalista estava fazendo seu trabalho tranquila quando o mestre de cerimônia do evento soltou "volte para a senzala".... meu deus o que é isso?
Ele pensa que vive em que época? É triste saber que em pleno século XXI ainda existe pessoas assim tão... retrógradas.

Bom, o fato é que isso aconteceu mesmo e no link a seguir está a declaração de repúdio do jornal onde ela trabalha. http://www.hoteliernews.com.br/HotelierNews/Hn.Site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=56589&Midia=1&Midia=1

Para quem quiser se manter atualizado, preste atenção nas mídias: Comunique-se, Raça e quem sabe até a Folha. Todos eles já entraram em contato com ela para entrevistas.
É aquela velha máxima, quem diz o que quer ouve o que não quer.